Maior evolução nas compras foi no setor de fungicida, com aumento de 60% no primeiro semestre
As importações brasileiras de agrotóxicos subiram [1] para US$ 1,11 bilhão no primeiro semestre deste ano, 36% mais do que de janeiro a junho do ano passado. Em volume, o aumento foi de foi de 24%.
A maior evolução em dólares ocorreu no setor de fungicidas, cujo crescimento foi de 60% neste ano, em relação ao anterior, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
O aumento ocorre devido ao avanço da ferrugem asiática da soja [2], o maior problema encontrado pelos produtores brasileiros no trato das lavouras.
A doença se espalha rapidamente por todo o país e os produtores aumentaram o número de pulverizações. Além disso, há uma perda de resistência dos fungicidas.
Os alimentos e os agrotóxicos [3]
Colheita de soja, uma das culturas que mais utiliza agrotóxicos no Brasil Ricardo Benichio/Folhapress
Na lista da Secex, os maiores gastos dos brasileiros com as importações de fungicidas ocorreram na França. Reino Unido, Alemanha, Índia e Colômbia também estiveram no topo da lista dos principais fornecedores para o Brasil.
Os custos anuais dos produtores com a ferrugem da soja superam US$ 2,8 bilhões (R$ 10 bilhões) por safra. O uso médio de fungicida, que foi de 1,5 aplicação na safra 2003/04, subiu para 3,4 no período 2017/18.
Os dados são do Consórcio Antiferrugem, que tem como estratégia a transferência de tecnologia para a ferrugem asiática da soja. O consórcio forma uma rede de ensaios para testes de fungicidas entre pesquisadores de todo o Brasil para gerar conhecimento e subsidiar pesquisas.
As importações de herbicidas cresceram 27% neste primeiro semestre. Estados Unidos e Índia foram os principias fornecedores. Já as compras de inseticidas subiram 32% no ano, somando US$ 519 milhões. China e Estados Unidos foram os maiores fornecedores.
Um dos participantes do setor de defensivos agrícolas afirma que esse salto nas importações neste ano se deve a uma reposição de estoques.
Para melhorar seus balanços, as indústrias elevaram o fornecimento de produtos para as distribuidoras nos últimos anos, deixando o mercado bastante abastecido. Dólar e juros externos favoreçam essas operações, segundo a fonte.
O Ministério da Agricultura liberou 211 novos defensivos agrícolas de janeiro a 24 de junho último, 9% mais do que em igual período do ano passado.
Vaivém das Commodities
A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.
Fonte : Folha