Rio+20 inicia contagem regressiva em busca de economia verde
O primeiro esboço do documento da conferência, intitulado “O Futuro que Queremosâ€, divulgado há uma semana, é, por enquanto, uma vaga declaração de princípios, embora indique o caminho: o compromisso para que o mundo faça uma transição em direção a uma “Economia Verde†que integre a luta contra a pobreza e o respeito ao meio ambiente.
“A grande oportunidade da cúpula Rio+20 será a de assentar as bases para uma maneira diferente de conceber e medir nossa economia: o que precisamos é de uma economia que seja medida pelo bem-estar que produzâ€, disse à AFP o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, que na Cúpula da Terra, realizada há 20 anos, liderou o comitê da sociedade civil.
A crise econômica no mundo e o esgotamento dos recursos alimentaram um “desencanto geral com o paradigma econômico dominante†e o que o mundo precisa é de outro “paradigma no qual a riqueza material não tenha que ser obtida à s custas da escassez ecológica e de disparidades sociaisâ€, afirma o documento da agência da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA).
O documento base para a Rio+20 reconhece as “limitações†do PIB como sistema único para medir a riqueza dos países e propõe criar “indicadores complementares que integrem as dimensões econômica, social e ambientalâ€.
Uma das grandes propostas é que sejam definidos “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável†que obriguem os países a assumir metas de segurança alimentar, acesso à água, empregos verdes e até mesmo “padrões de produção e consumo sustentávelâ€, entre outros.
Em 2000, 192 países assinaram os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, destinados a erradicar a pobreza. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável seriam complementares, embora, por enquanto, não esteja prevista sua adoção em junho, mas uma definição, já que esta não será uma cúpula de “acordos vinculantesâ€, afirmou na semana passada a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A abordagem de “objetivos como segurança alimentar, acesso à energia renovável ou cidades sustentáveis (entre outros), significa uma atualização de quais são as necessidades do desenvolvimento sustentávelâ€, explica Jacob Werksman, diretor do programa de Governança da organização de especialistas americanos World Resources Institute (WRI), para quem o texto divulgado, no entanto, é vago e carece da força de uma declaração final.
“Esta primeira versão do documento da Conferência está no rumo certo, mas com a magnitude equivocadaâ€, avaliou o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que considera que os compromissos dos governantes esperados na Cúpula Rio+20 em junho precisarão ser muito maiores.
Esta será a quarta cúpula mundial vinculada ao meio-ambiente depois de Estocolmo, em 1972, Rio, em 1992, e Johannesburgo, em 2002. Além de governantes, participam milhares de representantes da sociedade civil e empresarial.
Há 20 anos, a Cúpula da Terra Eco 92 reuniu mais de 100 governantes do planeta. Mas a menos de seis meses desta Rio+20 e em meio à atual crise econômica, não se sabe se os líderes mundiais comparecerão em massa, como fizeram na anterior, e o grau de compromisso que estarão dispostos a assumir.
Uma questão, por exemplo, é se o presidente da maior economia do planeta, Barack Obama, se aventurará em plena campanha eleitoral a um tema antipático aos hostis concorrentes republicanos.
“Queremos uma conferência que seja um sucesso. Isso exigirá uma participação intensa – ao mais alto nível de chefes de Estado – e um resultado forte†que leve a “um documento político relevante com ações concretas, (…) um documento cheio de generalidades não nos serveâ€, expressou à AFP o diretor do Centro de Informação da ONU no Brasil, Giancarlo Summa.
Fonte : Portal IG