Gisele Loeblein: sobretaxa pode tirar espaço do frango brasileiro na África do Sul
País africano eleva taxas de importação para cinco linhas de produto de frango vendidas pelo Brasil
Exportações brasileiras de frango em setembro tiveram queda Foto: Sirli Freitas / Agencia RBS
Não há ilegalidade nas novas taxas de importação anunciadas pela África do Sul para cinco linhas de produtos de frango vendidas pelo Brasil – carcaças, frango inteiro, cortes com osso, desossados e miúdos. Mas o impacto negativo das novas tarifas pode ir bem além dos US$ 15 milhões a mais que serão pagos anualmente em imposto.
Com concorrentes como a União Europeia, isentos de tributos, o país deve perder espaço nos embarques de frango inteiro – que somaram cerca de 7 mil toneladas em 2012.
– Podemos perder cerca de US$ 50 milhões por ano de participação de mercado para os europeus, porque o bloco tem acordo com os sul-africanos – pondera Ricardo Santin, diretor de mercados de União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
Tanta preocupação em torno da África do Sul faz sentido. O país foi o sétimo maior comprador, em volume, de carne de frango brasileira no ano passado. Foram 186 mil toneladas, que geraram receita de US$ 156 milhões.
Com um histórico de disputa, a África do Sul já ameaçou o Brasil com um processo por dumping. Mas as autoridades sul-africanas acabaram desistindo da ação. Agora, apelam para um recurso legal – ao adotar a tarifa cheia que lhe é permitida – para tentar barrar a entrada do frango brasileiro. A taxa do frango inteiro, por exemplo, passou de 27% para 82%.
A Ubabef vai pedir aos ministérios da Agricultura, Relações Exteriores e Desenvolvimento, Indústria e Comércio que o Brasil adote reciprocidade de tratamento em relação à África do Sul. Para Santin, não existe mais espaço para protecionismo. Além disso, o Brasil precisa assumir seu protagonismo e buscar acordos com mercados que lhe interessem.
Ontem, a Ubabef divulgou os números das exportações brasileiras de frango para o mês de setembro, quando houve queda de 1% em volume e de 7,9% em receita. No acumulado do ano, o volume embarcado, 2,86 milhões de toneladas, é 2% menor, mas a receita, US$ 5,99 bilhões, é 6,7% maior do que igual período de 2012.
Fonte: Zero Hora