CAMPO E LAVOURA | Crescimento biológico dobrado
Carro-chefe da produção agrícola brasileira, a soja tem hoje a maior fatia de participação no mercado de produtos biológicos no Brasil. A cultura soma 46% do faturamento de biodefensivos, aponta levantamento da Blink Projetos Estratégicos apresentado ontem pela CropLife Brasil. E promete puxar a expansão de 107% do segmento para 2030, com R$ 3,7 bilhões.
– É uma grande mola motriz e de inovação. É natural que a indústria e todos os players acabem privilegiando a cultura em um primeiro momento. A soja acaba sendo uma porta de entrada. O ciclo natural é o desdobramento dessas soluções para outras culturas também – observa Lars Schobinger, sócio-diretor da Blink, ao comentar sobre a razão para a expansão do uso de biológicos na cultura.
Juntas, as grandes culturas (soja, milho, algoda~o, cafe´ e cana) respondem por 80% desse mercado que soma sete categorias de produtos (bionematicidas, bioinseticidas, biofungicidas, tratamento de sementes, parasitoides, semioquímicos e predadores). Em taxa de adoção, no entanto, o melhor desempenho está nos hortifrúti: acima de 40%.
Hoje, existem opções biológicas disponíveis para um terço do mercado potencial. Mas há espaço para crescer. Em 10 anos, pode-se chegar entre dois terços e três quartos do mercado tendo produtos biológicos como opções de controle dentro do manejo.
– Do ponto de vista técnico, já poderia ser muito mais do que um terço do mercado. O que ainda existe é uma condição de se chegar a uma escala comercial que viabilize o uso da tecnologia – pondera o sócio-diretor da Blink.
E, se foi a partir de produtores inovadores – com maior acesso à tecnologia e potencial de investimento – que a introdução da ferramenta começou, atualmente chegou ao médio e ao pequeno. E o preço não é considerado o principal diferencial, mas sim, a eficácia, que fideliza os usuários, pontuam os especialistas. Diretora-executiva de biológicos da CropLife Brasil, Amália Borsari, vê os biodefensivos como opção:
– A perspectiva não é de substituição, mas sim, de atuação em conjunto. Existem produtos químicos e biológicos sendo desenvolvidos juntos.
O Brasil tem hoje 433 produtos biológicos registrados, 35% deles nos últimos três anos.
A diretora-executiva de biológicos da CropLife Brasil, Amália Borsari, lembra que a regulamentação veio apenas entre 2006 e 2008, com a ocorrência da lagarta Helicoverpa armigera, ameaça às lavouras de soja, sendo um grande acelerador do desenvolvimento de produtos.
O Brasil fica atrás de EUA e Europa – juntos, têm cerca de dois terços do mercado mundial de biológicos, estimado em US$ 5 bilhões. Mas o crescimento brasileiro supera 30% ao ano, acima da média global de 15%.
gisele.loeblein@zerohora.com.br
GISELE LOEBLEIN
Fonte: Zero Hora