CAMPO E LAVOURA – Colheita acima da média
A colheita da uva avança no Rio Grande do Sul com a perspectiva de maior produtividade e qualidade semelhante à verificada em 2020, ano da chamada "safra das safras". Até o início do mês já foram retirados dos parreirais entre 30% e 35% dos 720 milhões de quilos esperados neste ano, segundo a Emater. O volume projetado fica acima da média histórica do Estado, que costuma produzir ao redor de 680 milhões de quilos anuais.
– Estamos vendo que o pessoal está colhendo, no mínimo, 15% a mais do que era previsto. Em alguns casos, até mais – conta Thompson Didoné, enólogo e extensionista da Emater em Bento Gonçalves.
Didoné lembra que as variedades precoces se beneficiaram do tempo seco na primavera e apresentaram boa qualidade. No entanto, a chuva nas últimas semanas fez com que aparecessem problemas pontuais de podridão nas uvas de parte dos parreirais da Serra, região que representa 85% da produção gaúcha. Caso as precipitações sigam frequentes, é possível que a qualidade das variedades intermediárias e tardias seja afetada.
Giuliano Elias Pereira, pesquisador em enologia da Embrapa Uva e Vinho, explica que a fruta está na fase de maturação e apresenta alto teor de açúcar, o que pode atrair insetos e pássaros. Além disso, a umidade pode ficar no interior dos cachos quando eles são mais compactos. Segundo o especialista, tanto o ataque dos animais quanto o excesso de água levam ao rompimento das bagas, favorecendo o surgimento de fungos.
– Talvez não seja a safra das safras, como foi chamada a de 2020, mas também vai ser uma das safras muito boas para todo o setor – afirma Pereira.
A área de parreirais no Estado chega a 46,7 mil hectares. A colheita segue até março.
FERNANDO SOARES – INTERINO
Fonte : Zero Hora