CAMPO ABERTO | Joana Colussi LEILÕES PARA ESCOAR TRIGO COMEÇAM NESTA SEMANA
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Após muita apreensão no mercado, o governo federal publicou na sexta-feira editais autorizando os primeiros leilões para escoar a safra de trigo na Região Sul. Inicialmente, serão ofertados na próxima sexta-feira 215 mil toneladas nos três Estados. Para o Rio Grande do Sul, os leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e de Prêmio Para Escoamento de Produto (PEP) somam 100 mil toneladas cerca de 5% da safra colhida.
– O anúncio veio muito tardiamente e em um volume tão insignificante que pouco mexerá no mercado – lamenta Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
A colheita do cereal nas lavouras gaúchas está praticamente no fim, restando poucas áreas nos Campos de Cima da Serra. Com o mercado paralisado até agora, os produtores estavam apenas conseguindo trocar o produto por insumos. O preço da saca de trigo classe pão tipo 1 está em R$ 30, enquanto o valor mínimo é de R$ 38,65.
Com volume excedente de 1 milhão de toneladas, o setor produtivo esperava que os leilões de PEP e Pepro contemplassem no mínimo 500 mil toneladas no Estado.
– Estamos praticamente em dezembro. A medida atrasou muito e veio muito aquém do esperado – avalia o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires.
De acordo com o governo federal, foram negociados R$ 150 milhões para atender as operações de PEP e Pepro, com a previsão de outros cinco a seis leilões. Segundo o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), novos leilões serão autorizados nas próximas semanas.
– O mercado começará a se movimentar a partir de agora – avalia o parlamentar.
A contrariedade do setor com o baixo volume autorizado inicialmente deverá ser manifestada ao governo federal nesta semana.
– O receio é de que essa reação tenha impacto negativo no mercado, tudo o que o setor não precisa agora – diz o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS). -
PALAVRA DA ANVISA
Quase 99% dos alimentos vegetais consumidos pelos brasileiros estão livres de resíduos de agrotóxicos que podem oferecer risco à saúde humana, segundo relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No total, 12 mil amostras de 25 produtos foram coletadas entre 2013 e 2015. Os itens representam 70% da dieta vegetal do brasileiro. Entre os produtos que mais apresentaram problemas estão a laranja, que teve 12% das amostras reprovadas, e o abacaxi, com 5%. O principal motivo é a contaminação pelo pesticida carbofurano.
– Como os resíduos de agrotóxicos geralmente estão na casca, sua retirada já ajuda a reduzir os riscos – destaca o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.
O resultado consta do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, divulgado desde 2003. Esta é a primeira vez que o estudo monitorou os perigos para a saúde. Nas edições anteriores verificava apenas se eram produzidos com defensivos sem certificação do governo. -
TERROIR DO PAMPA
Mesmo em um ano de safra de uva frustrada, a vinícola Guatambu, de Dom Pedrito, conseguiu colocar no mercado mais três novos rótulos de vinho: Luar no Pampa, o primeiro rosé da marca, e os tintos Rastros do Pampa Pinot Noir 2016 e Épico II. Os dois primeiros foram elaborados com a produção de 2016, quando a safra foi de 30 toneladas – quebra de 70% devido às geadas e excesso de chuva.
– As uvas que se desenvolveram tiveram qualidade excelente – afirma a agrônoma e enóloga Gabriela Potter, uma das diretoras da vinícola Guatambu.
Devido à escassez de matéria-prima, o rosé Luar no Pampa tem lote limitado de 2 mil garrafas. Em 2017, com a entrada da nova safra, a vinícola pretende dobrar a produção do rótulo. Com área de 22 hectares em parreirais, a expectativa da Guatambu é de colher 130 toneladas de uvas viníferas.
Para este ano, a vinícola estima crescimento de 33,5% no faturamento. -
NO RADAR
Dirigentes da Embrapa e de sistemas estaduais de pesquisa agropecuária estarão no Rio Grande do Sul amanhã para defender a manutenção da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Serão solicitadas agendas com o governador José Ivo Sartori e deputados.
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ARROZ À CERVEJA
Há pouco mais de uma semana, uma microcervejaria de Alegrete começou a testar quatro variedades de arroz para a fabricação da bebida. Com apoio da associação dos arrozeiros do município, a empresa quer produzir cerveja com o cereal local – principal produto agrícola cultivado na Fronteira Oeste.
– Tentaremos maltear o arroz, ao invés de usá-lo direto na composição – explica Rafael Caetano da Silva, proprietário da microcervejaria La Pampa.
A intenção inicial é usar de 15% a 20% de arroz na bebida, e o restante de cevada, lúpulo e levedura. O arroz, segundo Silva, deixa a cerveja mais leve do que bebidas fabricadas somente à base de cereais maltados ou milho, mais encorpadas. A ideia é lançar o produto no primeiro semestre de 2017.
– É importante mostrar outros destinos possíveis para o arroz – destaca Fátima Marchezan, presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete.
Disseminado em cervejarias asiáticas, o cereal está presente em poucos rótulos no Brasil. Exemplo é da americana Budweiser, onde o arroz responde por cerca de 40% da composição da cerveja.
APÓS 42 OPERAÇÕES EM FRIGORÍFICOS DURANTE TRÊS ANOS, O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT) JÁ TEM FECHADO O CALENDÁRIO DE INSPEÇÕES PARA 2017. AS AÇÕES CONTINUARÃO FOCADAS EM INDÚSTRIAS DE CARNE BOVINA, SUÍNA E AVES. A ÚLTIMA OPERAÇÃO DO ANO OCORREU EM PASSO FUNDO.
Colaborou
Bruna Karpinski
Fonte : Zero Hora