Bom momento favorece investimento em irrigação
Áreas com sistemas de irrigação no Estado somam 170 mil hectares atualmente
Mesmo com a sequência de duas supersafras, o produtor gaúcho não esqueceu a última grande estiagem pela qual passou, em 2012, e está investindo em irrigação. A 37º edição da Expointer reserva um espaço exclusivo para o setor: a Quadra da Irrigação. Além de entrar em contato com as empresas de máquinas, é possível pesquisar as condições de financiamento das instituições financeiras. Uma das principais atrações é o Circuito Tecnológico sobre Inovação e Sustentabilidade, onde os agricultores podem conhecer a natureza do produto exposto e avaliar a qualidade e a aplicação da tecnologia.
A área irrigada no Rio Grande do Sul foi ampliada, desde 2012, para 170 mil hectares. O programa Mais Água, Mais Renda, do governo estadual, representa 81 mil hectares desse total. As empresas do ramo, por sua vez, aproveitam o crédito abundante, a capitalização do produtor a partir do bom momento do agronegócio e a intensa movimentação desta edição da feira para expandir os negócios. E ainda há muito espaço para crescimento, uma vez que, de acordo com o coordenador da Divisão Técnica do Senar, João Telles, o cenário ideal é que os produtores tenham 30% da área irrigada, independentemente da cultura.
O supervisor regional da Valley, Walter Sperling, projeta o encaminhamento de cerca de 200 pedidos de pivôs de irrigação durante a feira, o que representaria aproximadamente R$ 100 milhões em faturamento. “O movimento até agora está atendendo ao que tínhamos como perspectiva de negócios, apesar das inseguranças ligadas às possibilidades de queda dos preços das commodities, como a soja, o que pode oprimir os investimentos”, relata. Para Sperling, o acesso ao crédito, para essa linha específica de equipamentos, está facilitado pelas taxas de juros atrativas. Os financiamentos gerais devem crescer cerca de 10%, em 2014, na carteira do BRDE, segundo o gerente de planejamento Alexander Nunes Leitzke. Na Expointer, o banco não possui limite de crédito, mas trabalha com a projeção de igualar os
R$ 700 milhões do último ano, tendo a irrigação como um dos carros-chefes. “O agricultor tem se dado conta de que a irrigação tem que ser permanente, independentemente de ser período de estiagem ou não”, afirma Letizke. O setor aposta também em novidades tecnológicas com capacidade de cobrir áreas cultivadas até 15% maiores, gerando, portanto, maior produtividade. Entre as inovações disponíveis na Expointer, está o Base Station Web, da Valley, sistema que permite controle sobre o pivô central de irrigação por meio de telefone, smartphone, tablet ou notebook. Assim, o agricultor pode controlá-lo a distância conforme for necessário. Enquanto isso, a Fockink apresentou o pacote supremo, que deve representar 50% de todas as vendas realizadas pela empresa.
A energia, ao lado das dificuldades para obter licenciamento ambiental, é visto como o principal entrave para que o desenvolvimento do setor atinja outro patamar. “A indústria está nivelada tecnologicamente e estamos evoluindo na parte ambiental, mas a escassez de energia é um problema sério”, resume o representante comercial da Fockink, Alex Sandro Hoffmann.
Contratos encaminhados de máquinas devem cair 10%, projeta Simers
Os negócios de máquinas e implementos agrícolas encaminhados durante a Expointer devem cair 10%, segundo o Sindicato da Indústria de Máquinas do Estado (Simers), em comparação com o evento do ano passado, quando o volume foi de R$ 3,2 bilhões. Até a tarde desta quinta-feira, o valor estava em pouco mais de R$ 1,1 bilhão. “A avaliação deste número é positiva, pois não podemos comparar com o ano passado, quando tínhamos uma grande safra, com bons preços e juros de 2,5% anunciados no primeiro dia da feira”, resume o presidente Simers, Cláudio Bier.
Para abrir outras frentes de vendas, tendo em vista as dificuldades de exportação pelas quais o setor passa, especialmente devido às barreiras impostas pela Argentina, uma rodada de negócios internacionais encerrou ontem, na Expointer. Representantes de 10 países participaram dos encontros promovidos pelo Simers e ApexBrasil. “Não sabemos quanto tempo a Argentina vai demorar para se recuperar, então temos que abrir outros caminhos para compensar essa grande perda” destaca Bier.
Fonte: Jornal do Comércio
Luiz Eduardo Kochhann
PEDRO REVILLION/PALÁCIO PIRATINI/JC