Agronegócios – Banco CNH financia R$ 1,2 bi para máquinas
Expectativa de liberação de créditos para 2016 fica estável, em relação ao ano passado, mas participação da instituição nas vendas das marcas New Holland e Case IH pode subir para 60%
Para executivos do setor, alta tecnologia do maquinário compensa reajuste de preço previsto para 2016
Foto: Divulgação
São Paulo – Ainda em um ambiente de recessão nas vendas de máquinas agrícolas, o Banco CNH Industrial – que atende as fabricantes New Holland e Case IH – espera aumentar novamente sua participação na comercialização do grupo. Para 2016, a estimativa é financiar cerca de R$ 1,2 bilhão ao setor.
O montante vai em linha com o volume ofertado em 2015 e reflete uma alta média de 10% contra o ano anterior. Em contrapartida, a instituição, que abocanhava 38% deste mercado em 2014, encerrou o ano passado aos 52% e agora espera participar de 60% das operações financeiras das marcas. Em 2015 o Banco CNH subiu uma posição e ocupou o 4º lugar no ranking geral do BNDES, no segmento Agrícola.
No momento em que a concessão de crédito pelas instituições públicas fica mais restrito, questão amplamente citada por representantes do setor no decorrer desta safra, os bancos privados e de fábrica enxergam oportunidades para complementar os investimentos na lavoura. "Queremos ter o máximo de penetração, mas com certeza teremos vários clientes que não vamos conseguir financiar e ainda bem que existem os bancos privados para complementar", afirma o presidente do Banco CNH, Carlos Sisto.
O diretor comercial, de marketing e de seguros da instituição, Jucivaldo Feitosa, lembra que diversificação de financiamento entre fontes distintas dilui os riscos. Para ele, pelo menos R$ 2,7 bilhões de recursos do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), para a temporada 2015/ 2016, já foram tomados e o restante deve atender a demanda até meados de maio, antes da divulgação do próximo Plano Safra.
As taxas de juros praticadas pelo banco vão em linha com as do Moderfrota, de 7,5% para produtores com faturamento até R$ 90 milhões e, acima desta receita, 9% ao ano.
Do lado dos bancos privados, conforme publicado pelo DCI, o Santander entrou em destaque ao lançar uma ofensiva voltada para o segmento agropecuário. Além da presença em todas as feiras do setor, a redução no tempo de liberação dos créditos e o reforço do time de profissionais especializados no agronegócio são algumas das estratégias.
Mercado
O último levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indica que, em janeiro, as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiram 1,6 mil unidades, 53,2% abaixo do volume comercializado no mesmo mês do ano passado. A produção também apresentou retração, de 64,8% no período. O vice-presidente da New Holland para a América Latina, Alessandro Maritano, diz que o consenso do setor para 2016 ainda é de um ligeiro avanço entre 2% e 2,5%.
"A nossa percepção é de que essa recuperação pode acontecer em 2016. A realidade do agronegócio hoje não é de crise [de produção]. O que está acontecendo é uma crise de confiança nos sistemas político e econômico do País", avalia o executivo.
Uma saída para incrementar a receita é a exportação. De acordo com Maritano, 60% do que é comercializado na América Latina vem do Brasil. Há 3 anos esse percentual era 40%.
Questionado sobre a possibilidade de reajuste neste ano, o vice-presidente confirmou que não há mais como conter alguns aumentos nos custos de produção, como a energia elétrica. Sem revelar valores, ele acredita que mesmo que as máquinas estejam mais caras, o ganho de produtividade deve compensar o investimento. Ao DCI, o vice-presidente de marketing para a América do Sul da AGCO, Bernhard Kiep, adiantou no final de 2015 a possibilidade de reajustes em todo o setor.
Nayara Figueiredo
Fonte : DCI